domingo, 23 de novembro de 2008

Lágrima do Cavaleiro

Recomenda-se a leitura deste e deste texto para uma melhor compreenção da história.

Para ler ouvindo: O som da Chuva

Lágrimas do Cavaleiro antonisp

O dia quente de verão ilumina tudo, torna o céu e o mar um grande painel, calor agradável para um banho de mar que está calmo com suas ondas em movimentos monótonos em direção a praia. Tudo seria muito tranqüilo não fosse por um ponto vermelho boiando no mar, logo vemos, não é apenas um, e sim o começo de uma mancha vermelha que cobre boa parte da praia.

Guerra.
Exércitos se encontram em um confronto sangrento, já estamos em batalha adiantada, toda a estratégia se foi. Toda a inteligência se foi. Agora o sangue escorre misturado ao suor e a água do mar.

Temos dois exércitos, Vamos encontrar os bárbaros que querem apenas tudo dominar e os homens destemidos que pretendem voltar para uma pátria e para suas amadas.

Entre este último grupo encontramos o Cavaleiro Azul. Ele é o seu líder e está preocupado, mesmo com toda estratégia usada no começo da batalha.

A quantidade de inimigos é muito grande, como toda a estratégia se foi, temos (apenas) braço contra braço (corpo a corpo), não há mais cavalos, não há mais lanças, apenas homens se batendo uns contra os outros.

Entre estes homens o Capitão – o segundo em comando - em sua conversa prévia com o Cavaleiro ficou acertado que um sinal tiraria seus homens daquele lugar; O capitão se pergunta como ele fará isso com tantos inimigos ao redor. Na realidade nem mesmo o Cavaleiro sabe como salvar seus homens, ele vai apenas seguir seus instintos.
- Formem um circulo! – Esbravejava o Cavaleiro balançando sobre sua cabeça a Alma do Céu, nome de sua espada, seu extensão como guerreiro.
    - Vocês ouviram o cavaleiro – Apoiou o Capitão, já se colocando no circulo.

Ao contrario do que poderia parecer o Cavaleiro não ficou no circulo e sim dentro dele.

Os inimigos bárbaros estavam cada vez mais violentos. Dentro do circulo o cavaleiro puxava alguns homens, os mais forte. Por um momento o Capitão até pensou que o cavaleiro estava tentando se proteger, mas foi só até ver a movimentação.

O Capitão sentiu um arrepio estranho ao ver o Cavaleiro Azul ser arremessado para fora do circulo como uma bola de canhão, os inimigos são tantos que o cavaleiro sequer cai no chão e já começa a ser atacado, os bárbaros sabiam que ele era o líder, afinal a única armadura azul era a dele.

E aqui começa o futuro, sem usar o cérebro, apenas os músculos o cavaleiro começa a balançar a sua espada e a ceifar vidas e decepar cabaças, a luta é tão violenta que o Cavaleiro anda sobre os corpos dos inimigos.

As chances não mudaram para o Cavaleiro, o exercito inimigo ainda é mais de 30 vezes maior. O Cavaleiro não se recorda de uma luta tão violenta. Eventualmente ele é atingido, mas a armadura consegue segurar os golpes, ao menos até agora.

Um bárbaro arremessa um machado em direção ao Cavaleiro, impacto direto. Neste mesmo momento o Capitão tenta levar os homens em direção ao cavaleiro, mas não consegue são muitos inimigos, parece que saem da terra, alem do mais todos estão molhados, pesados, exaustos.

O machado não derrubou o Cavaleiro, mas tirou seu elmo, o cavaleiro sente o sol em sua barba e como um animal selvagem ferido se lança com mais violência contra o inimigo, mas com menos cuidado também.

As partes da armadura do cavaleiro começam a cair uma a uma, já com o peito nu, ficam a mostra as tatuagens que cobrem quase todo o tronco do cavaleiro, mas estas imagens não ficam a mostrar por muito tempo, pois em poucos segundos seu corpo já está todo coberto se sangue, a maior parte dos inimigos é verdade.

O Cavaleiro Azul é um guerreiro sagrado, um homem de fé, sempre foi. Neste momento ele começa a se questionar se vai mesmo conseguir cumprir a promessa feita ao Capitão.

Uma lágrima escorre do rosto do Cavaleiro, ato que não fica claro, pois mesmo com o dia que se fazia muito claro a praia é invadida de uma chuva torrencial.

A espada está pesando em sua mão o cavaleiro não conseguirá segura-la por muito tempo.

- E agora? - Se pergunta o Cavaleiro.

Como que respondendo a sua pergunta. Do céu um raio acerta em cheio a Alma do Céu, todos os soldados sem exceção são lançados ao chão.

- Retirada – Grita o Capitão, se levantando, afinal não existe sinal mais evidente do que este.

E com este grito, os corajosos correm.

Mas não é simples assim, os bárbaros estão se levantando e vão se reorganizar em segundos. E se não na praia, vão encontrar os homens na floresta ou mais adiante, é apenas uma questão de tempo, fugir apenas retardara um próximo confronto.

O os homens correndo em direção a floresta não conseguem ver a cena mais importante desta batalha.

O Cavaleiro Azul nu, todo coberto de sangue agora só tem os punhos para se defender, vai atacar os homens que ainda estão no chão, mas não, ele não chega a levar adiante sua idéia.

Outro raio, desta vez no peito do Cavaleiro. O Capitão por estar de costas para a praia sente apenas seu corpo ser lançado para frente, e se lembra do que o cavaleiro disse no dia anterior:
“- Aconteça o que acontecer, não parem, estarei com vocês no futuro.”

De costas o capitão houve apenas os gritos e não pode ver o que está acontecendo, ele coordena a retirada, quer tirar o máximo de homens desta praia. O que ele não vê é uma transformação.

Quando o clarão do raio se dissipa podemos ver aquele que antes era o Cavaleiro Azul agora está transformado em um urso enorme, com o pelo azul, como um céu de um dia claro, no entanto as ações do urso são muito mais parecidas com a tempestade que assola a praia neste momento, sangue, sal e areia, por todo lado,

Correndo o Capitão ouve um estranho galope que faz a terra tremer, mas continua seguindo as suas ordens.

Urso Azul um animal irracional com patas que parecem de aço, e pelo muito espesso, não demora colocar tudo isso a prova, os inimigos são arremessados para todos os lados, alguns perdem partes de seu corpo com os movimentos bruscos do Urso. Ele galopa pela praia dizimando os inimigos, espalhando homens, água e areia, nenhuma espada pode feri-lo, nada pode fazê-lo parar, em minutos a batalha está terminada.

Um urro mais forte faz a chuva parar da mesma forma que começou.
Tudo esta de volta a seu lugar?

O Capitão e seus homens já estão bem longe na floresta, o Urso Azul entra na floresta também, mas em outra direção, ele quer apenas descansar.

No acampamento aquela noite o Capitão ouve do soldado que enviou para espionar a práia, que não houve sobreviventes, nas palavras do soldado, fora uma ira divina que assolou a praia.
- Onde estará o Cavaleiro Azul?

O quê o Capitão não sabe é que aquele Urso Azul está se transformando de novo, mas não é no Cavaleiro Azul...

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Termina-se este texto com o som de Matamorfose Ambulante: Raul Seixas.

Este é o terceiro “Episódio” de uma série que começou aqui, mas que vive no meu blog.

No próximo episódio.

Um menino tatuado, uma Coruja Branca.e um Guerreiro de Fé.

Obrigado a Carol Marzagão pela força e ao Roger que praticamente participou do processo criativo.

Foto: AntonisP

domingo, 16 de novembro de 2008

Anotações

Pode parecer estranho ou até mesmo piegas, mas ainda mantenho velhos hábitos de uma menina sonhadora, há diferença: estou mais para as páginas policias que para contos de fadas.

Sei que teimo em não ser uma menina indefesa, mas, mais uma vez estou aqui pequeno amigo te pedindo abrigo e confidenciando minhas dores. Os lampejos daquele encontro sempre me saltam os olhos, não consigo identificar porque, talvez seja porque pensei que nunca tivesse coragem.


- Eu tenho cara de puta?
-
-- TENHO CARA DE PUTA!!??
-
-- Uma mulher não pode beber sozinha no bar?!
-
-- Tá, tá, tá, tá, tá.
-
-- Não
-
-- Não
-
-- Não
-
-- Não
-
-- Não
-
-- Qual a parte do não você não ta entendendo? (tudo culpa daquele viado)
-
- Não to bêbada, não quero companhia, não preciso de ajuda, muito de menos proteção, não quero outra bebida, não quero sexo, não gosto de cigarros e odeio tipos como você!

Leia na integra:
O Retorno

Não tenho medo que caia em mãos erradas e por vezes tenho vontade que isso realmente aconteça, talvez assim eu goze dos prazeres do cárcere.

Vingança! Eis a palavra que se repete na maioria de suas páginas.

“Não te irrites, por mais que te fizerem... Estuda, a frio, o coração
alheio. Farás, assim, do mal que eles te querem, Teu mais amável e sutil
recreio...”
(Mário Quintana)
Desculpe jovem Quintana se deturpei seus versos, mas prefiro às entrelinhas de suas compreensões a purista interpretação de suas palavras.

Sinto-me tão nua diante de ti que confesso que este é o único momento que sei quem realmente sou. Não sinto saudades daquela menina, contudo me assusta o prazer que tenho em realizar meus pequenos atos. Lembro de cada palavra do meu ultimo encontro.

- Ahhh, agora você disse a palavra-chave, querido. É tudo entretenimento.

Não sou dada a fumar, mas naquele momento me conferia certo charme, levantei e segui em direção ao palco. Minha canção favorita. Cantar me liberta. Summertime.

"Summertime and the livin' is easy.
Fish are jumpin' and the cotton is high"

Dava pra ver o suor rolando sua fronte, sua cara começava ganhar novos contornos. Levantou-se a caminho do seu ultimo destino, cambaleante, foi em direção ao banheiro.

"Oh your Daddy's rich and your ma is good lookin'.
So hush little baby, don't you cry"

Imagino cada passo dele, pobre criatura. Gostaria de ver seu desespero.

"One of these mornings.
You're goin' to rise up singing"

Pobre criatura, não acredito que o tão famoso caiu no truque mais idiota do mundo. O veneno, amigo, companheiro, lento e mortal. Homens, ofereça um bom decote e os manipule tranquilamente.

"Then you'll spread your wings.
And you'll take to the sky"

Alguém correu do banheiro chamando por socorro, devo ir.

Leia na integra: Só entrenemimento



Nunca pensei que seria assim. Pois bem, hoje sou.

Sinto meu corpo estremecer, minhas pernas vibrarem, da boca posso soprar gemidos abafados, minhas peças intimas são inundadas a cada respiração rápida e curta, o coito anunciado vem quente junto com o arrepio que me corta a espinha, com nenhum homem sentiria tamanho prazer. Só em escrever sinto vontade de ser possuída e experimentar o sexo oposto mais uma vez.

Tenho algumas feridas ainda latentes essas doem menos que as cicatrizes que levo no corpo. Tudo culpa dele. Se pudesse sentir o meu repudio, ouvir meus gritos de agonia. Explodem os “flashes” da violência que sofri toda vez que fecho os olhos.

Culpa única e exclusivamente. Haverá um dia, no futuro quiçá, que as mulheres serão independentes, terão o direito verdadeiro a ser livres. Hoje resolvi escrever porque a raiva mais uma vez me corroe brutalmente. Analogamente me sinto Midas, mas talvez minha ambição foi o amor, imaginei que meu toque poderia ser transformador, engano meu como o do Rei, ele se tornou minha maior desgraça.

Eu só quis ser amada.

Não me preocupei com os caminhos, não me importei com os valores.
Há ele entreguei meu amor.
Ele...
... Não teve dúvidas em me trair.


Fui pagamento.
Porque não fui racional.

Vingança, juro que a terei.
Lamento os que cruzarem meu caminho.

Ps: Cuidado com o tal Pastor e o outro que atende pelo nome de Azul.

sábado, 8 de novembro de 2008

A volta do Pastor

* Antes de ler este texto, é aconselhável a leitura do texto O Pastor, o início

A maldade existe. Infame. Injusta. A maldade persiste.

Naquele canto sujo da cidade, àquela hora da madrugada, é claro que não poderia acontecer algo bom. As más intenções são como o vapor que sobe das tampas dos bueiros quando a noite esfria.

Ela caminha. A passada ilustra o medo. Apressada. E ela caminha. Rumo incerto à destino algum..

A uma esquina dali, ele observa toda a ação. Lacaio imundo. Mente perturbada pelas drogas. Disposição para matar. Disposição para morrer.

Ela se aproxima cada vez mais.

Ele aguarda. Ansioso pelo bote.

10. 5 metros. Ele já está em posição de ataque. Que tal se eu me juntar a brincadeira?

Com um salto, deixo o telhado sobre o qual eu me esgueirava. Surpreendido, o meliante deixa cair sua arma. A moça foge, assustada. Com um soco, o derrubo para trás, perto o suficiente para que ele role e alcance sua arma. Com agilidade surpreendente, ele faz um giro e mira em minha cabeça. Displicente, faz pouco caso da situação:

- É você, não? – diz com indício de sorriso no rosto

- Depende.

- Você, é aquele cara que ta assustando todo mundo por aí. O Fantasma. É você não é não?

- Se você quer acreditar que sim. Mas Fantasma já tem dono, eu prefiro Pastor.

- Pastor? Cara, isso ai não mete medo em ninguém. – A cada palavra ele dá um passo em minha direção. Um erro primário. Com um movimento rápido eu consigo dar um chute em seu pulso e ele solta a arma novamente. Dessa vez eu me adianto, pisando em cima do revólver. Abaixo-me calmamente para analisá-lo. É uma SIG P220. Uma arma bem decente para um ladrãozinho imundo como esse. É óbvio que alguém mais poderoso está municiando a ralé da cidade. E é óbvio também que eu estou começando a incomodar. Ótimo.

Ao invés de estar apavorado, o vagabundo sorria ainda mais, como que inebriado de adrenalina. A mente insana funciona de maneira assustadora.

- HA HA HA HA HA HA HÁ! O Pastor me pegou! Que medo! E agora, você vai ler um trecho da Bíblia e me levar para o inferno?

- Pessoalmente não. Mas eu conheço um atalho. – Lentamente puxo Rita, minha Magnum 44, do coldre. Mas antes que pudesse fazer o disparo, o ladrão saca uma arma escondida na meia e dispara algumas vezes. Sinceramente, ainda não me acostumei com os tiros. As balas não me perfuram, óbvio, mas mesmo assim eu sinto uma dor irritante, algo parecido com a picada de uma vespa, só que mais forte. E isso me irrita bastante.

Ao ver os projéteis caindo após baterem em meu corpo, finalmente ele enxerga a realidade. E a realidade assusta. Tremendo, larga a arma e cai de joelhos.

- Meu Deus! – Exclama

- Tente de novo.

O estampido de Rita cala qualquer tipo de lamento por parte do ladrão. Seu caso está encerrado. Sorte dele. O meu está longe de ter fim.

A esperança existe. Incompreensível. Inexplicável. A esperança persiste.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Ah como eu queria

Para ler ouvindo: Vai morar com o Diabo - Cassia Eller



Ah como eu queria!

Senhor dá-me paciência!
Ah como eu queria, juro que eu queria, queria com todas as minhas forças. Por que, porque tudo seria mais fácil, tranqüilo, sem encheção de saco, em suma uma maravilha, somente eu e mais eu.

Ah, como eu queria!

Vou contar pra mãe!
Paieeeeeeeeeeeeeee!
Não fui eu, foi ele!

Ah como eu odeio esse sorrisinho debochado, em dois segundos eu tiro ele da sua cara fácil fácil. Se preocupa não, se esconde atrás do ombro da mãe, ri o quanto pode, vai ter volta, ah se vai! Tu ainda vai precisar de mim e eu vou estar lá pronto, preparado.

Num briga, num briga uma ova!
Briga sim e briga muito!
Passa 10 minutinhos junto desse ser que tu vai entender muito bem o que estou falando.
Num briga, porque num brigar, isso é papo de mãe.

Senhor pelo um amor de um Deus dá-me paciência!

E se fosse de outro sexo?
Puta ai que ia ser foda mesmo, se já me atormenta por conta de roupa, balada, recado não dado, meu tipo de música, grupo de amigos, imagina se fosse do mesmo sexo ia ser o inferno na Terra. (Muito obrigado meu Deus, dos males os menores)

Mas diga-la, como é que pode?

Mesma mãe, mesmo pai, digamos que a mesma criação (sexos opostos lembra), como podemos ser tão diferentes, será que esse lance de signo funciona de verdade

Será que tu me irrita só porque me conhece tão bem assim, a ponto de só marcar golaços no ângulo, alcançáveis até pro São Marcos? Não, claro que não, deve existir um prazer imensurável nisso, imagino você se contorcendo de alegria ao me ver assim completamente irritado com sua existência.

Ah como eu queria meu senhor! Como eu queria

Mas deixa você, nessa guerra sempre existem artifícios para os dois lados, também te conheço muito bem, sei daquele detalhezinho que posso deixar escapulir sem querer perto de um certo alguém nada importante, sei também deixa eu ver mais o que? Hum sei como colocar algumas pessoas chaves ao meu favor, tu vai ver seu mundinho cair. Ah se vai! E eu vou estar lá sádico gargalhando na tua presença, lembrando de cada dia que tu me pentelhou! Como adoro a vingança.

O ser!
Mas por que eu não moro na China!?

Já penso minha casa meu reino, um quarto só pra mim, nada de empurra ou discussão pra ver quem vai na frente no carro, futebol, vídeo game, vídeo game e futebol, meus canais, o controle integralmente em minhas mãos, transito livre no banheiro, nada de voz estridente, tpms alheias, telefones ocupados. Nada de amigas circulando pela casa.

Opa! Perai! Amiga Phode!
A gostosinha da S, as visitas noturnas da K, as curvas perfeitas da F, aqueles peitinhos da C. Essa é a parte que eu mais gosto!

Caramba! Olha o foco! Olha o foco!
Filho único! Filho único! Filho único!

Mas quem eu vou irritar se ela não estiver aqui, no quarto de quem eu vou ter prazer em peidar, quem vai me ligar pra saber que horas eu chego em casa, que não vai rir das minhas piadas mesmo sendo muito engraçadas!

Caralho!
Foco! Porra!
Único!
Único!

É o que eu mais quero, num quero, quero, quero, quero, quero sim!
Ah Deus, por enquanto dá-me só paciência que com o resto eu me viro

domingo, 17 de agosto de 2008

Para sempre, irmão

trilha: Canção da América - Milton Nascimento


Olá irmão, sei que há muito espera essas palavras minhas e sei também o quanto você precisava ouvi-las a mais tempo. Distanciei-me completamente de você por tantos anos que havia até me esquecido de suas feições. Passamos por tanto juntos. Desde pequeno sempre pude contar com o seu apoio para qualquer situação. Lembra daquela vez que eu estava apanhando do moleque mais forte da rua e você me socorreu? Tomou a surra no meu lugar enquanto eu corria e quando chegou em casa todo machucado, sua primeira reação foi ver se eu estava bem. Até nas nossas próprias brigas, você assumia a culpa e tomava a bronca da mãe sem reclamar, enquanto eu ria escondido atrás da porta.


Apesar de tantas lembranças boas, a que mais me vem à mente é aquela que nos separou. Cego, não percebi as “forças” que atuavam para nos separar de tantas maneiras. Por tantas vezes nos juntamos para ir atrás de alguma mulher e, ironicamente, nos separamos por causa de uma. Hoje é muito mais fácil pra mim pensar nas besteiras que fiz, no rancor que guardei por todos este anos e me arrepender. O ódio tapava meus olhos e eu não percebi o quanto a pobre Sandra te amava. O azar foi ela me conhecer primeiro. Tínhamos um “namorico” até ela te conhecer mais profundamente e ver que era você o par perfeito para ela. Hoje, concordo. Na época saí enfurecido da sua vida.



Ah, quantas foram as suas tentativas de reconciliação. Quantas vezes bateu em minha porta, incansável. Lembro-me até que chegou a escrever uma carta na qual dizia que deixaria Sandra pra me ter de volta como irmão. Li, mas nem me dei ao trabalho de pensar no assunto. Pra mim não importava, meu irmão havia morrido. Depois dessa, você foi desistindo aos poucos. O tempo foi passando, e o meu ressentimento me transformava em uma pessoa terrível por dentro. Eu não ia a nenhum lugar no qual corresse o risco de te encontrar.


Não havia conhecido meus sobrinhos até semana passada. Que jovens... Homens, na concepção da palavra. Lembram muito o pai. Abraçaram-me forte ao me ver, como se já me conhecessem desde a infância. E de fato conheciam. Contaram-me de como você falava de nossas histórias com muita saudade, as vezes com uma lágrima presa no olhar.


Há sete dias acordei bem, como há muito não acontecia. Respirei fundo e não senti a já habitual dor no peito. Logo vi aqueles dois rapazes parados me olhando com afeto. É claro que percebi de quem se tratavam, já que mamãe fazia questão de informar-me das novidades. Desde que essa doença no coração me debilitou, ela vinha todo dia para me ver e pedir permissão para que você me visitasse, é claro que eu não deixava.


Os jovens trataram de contar-me o sofrimento pelo qual você passava desde que soube de minha doença. De como andava calado, cabisbaixo o tempo inteiro. Contaram-me que certo dia à noite você os abraçou forte como se fosse a última vez. E que no dia seguinte acordaram com um estampido muito alto e depararam-se com o corpo do pai deitado no chão da sala. Ao lado, um bilhete, que me entregaram como você queria. Nele você pedia que entendessem sua decisão e que o levassem rapidamente para que pudessem retirar o seu coração e transplantá-lo em mim. Eu estava sedado há dias. Porém, certo dia eu acordei. Como há muito não acontecia. Abri os olhos pela primeira vez em anos.

Só depois de chorar muito entendi. Você assumiu a responsabilidade por um erro meu mais uma vez. Por tanto tempo envenenei meu coração, que ele ficou doente. Você me deu mais uma chance. Hoje entendo perfeitamente e me arrependo profundamente do que aconteceu. Espero ainda poder recuperar um pouco do tempo perdido.


Termino garantindo pra você: seus filhos serão meus filhos, suas alegrias serão minhas alegrias. E sua vida se eternizará na minha. Obrigado, meu irmão. Eu te amo.


Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar. Seja onde for.

domingo, 10 de agosto de 2008

Sobre irmãos

Para ler ouvindo: U2 - Stay (Faraway, So Close!)

irmaos

Imagine que ser irmão é existir em conjunto. Ser alguém que somente por existir já sente a presença de outro, e tem aquele jeito estranho de gostar.

Como assim?

Lembro-me que uma das descrições de irmandade mais curiosas que eu recebi foi a seguinte:

“Não gosto do meu irmão, não falo com ele ha mais de três anos, mas se um dia eu o encontrar na rua apanhando, vou ajudá-lo, posso até não falar com ele, mas vou ajudá-lo” – Estranho? Acho que não o amor de irmão é muito mais que palavras – perceba que não estou dizendo que o depoimento é coerente.

Imagine que um irmão tem o papel de parceiro, ele é o cara que ensina a empinar pipas, que ensina que rodar peão, que ensina como chegar até a pessoa desejada e por vezes amada.

Irmandade é uma ligação infinita que não se rompe com a distância de continentes ou o (sem virgula entre infinita e irmão) arremesso de travesseiros ou roupas sujas.

Mojica Marins (como Zé do Caixão) diz que só o sangue é eterno – bonito isso, ou não? -.

Imagine que na sétima serie eu tinha um amigo que descobriu ter uma meio-irmã por parte de pai. Sabe o quê ele fez? Na primeira oportunidade que teve, “ficou” com ela. Só depois de muito tempo percebi que expressão era aquela nos olhos dos dois, havia um prazer diferente, uma cumplicidade que nunca mais vi no olhar de nenhum outro casal – e olha que eu só fui saber de Calígula alguns anos depois.

Imagine que o sangue é eterno - Mesmo em casos como estes, onde os sentimentos estão fora de ordem – ao menos na opinião de quem escreve – ser irmão é existir em companhia, é uma amizade desde já consumada e assumida, ou uma cumplicidade, se preferir. Não sei porque os dois primeiros irmãos brigaram, nem como era o ambiente da casa do meu amigo, mas imagino que nada disto fez diferença no sentindo mais simples, são cúmplices, estão unidos.

Imagine o sangue eterno ao que eu me refiro. Não é da placenta, ou do DNA do pai. Quando digo da ligação de sangue entre irmãos, não excluo a ligação dos irmãos de criação, pois sei que, facilmente, um daria o sangue pelo outro (ou um rim talvez). É Disto que estou falando (desta vês sou eu e não o Mojica), o sangue se torna eterno quando o entregamos para o outro.

E os “sem irmãos”?

Francamente não sei definir, é muito mais fácil definir a palavra irmão do que o “filho único”.

E por que vários parágrafos deste texto começam com “imagine”?

Porque a pessoa que escreve este texto é um legítimo filho único.

(Embora considere estes dois amigos do blog como irmãos selecionados).

Mais uma vez este blog me levou onde eu jamais estive.

Revisão: Morena

terça-feira, 1 de julho de 2008

Pornochanchada Aleatória #15

Para ler ouvindo: "Ereção" - Orquestra Imperial

Ricardo estava sentado sobre a cama, com os cotovelos apoiados na perna e a cabeça nas mãos.

Como isso poderia ter acontecido? Não sabia dizer, simplesmente não tinha a resposta. E, na verdade, pensar sobre o assunto o incomodava muito, mas não conseguia evitar.

O suor em seu corpo começava a esfriar e a gelar suas costas, o cigarro de cravo aromatizava o ambiente. Tinha a testa franzida, numa expressão mista: fracasso e decepção. Como ele poderia ter errado? Justo ele, tão cobiçado, o mais bonito, o mais bem sucedido. Se gabava por ter o maior membro das redondezas. Era bom na briga com faca e o último a sair do bar. Sua bota reluzente era do mesmo tom do seu cabelo abrilhantinado.

Podia ter a mulher que bem entendesse com um olhar mais atrevido. Elas diziam que isso as intimava e as despia, e que ficava impossível negar-lhe qualquer coisa, qualquer desejo sexual que fosse. Assim, a lista de mulheres atrás dele continha a mesma quantidade de das quais partiu o coração.
Nenhuma mulher era perfeita o bastante para acompanhá-lo, por isso ele não se incomodava em arrasar mulher atrás de mulher. E ele traçava todas: loiras, morenas, mulatas, velhas, novas... rezava a lenda que ele já havia se deitado com 357 mulheres, mas quando lhe indagavam sobre a veracidade desse fato, ele apenas sorria com o canto da boca, deixando a pergunta no ar.

E foi para sempre assim, até o dia em que ele avistou Helenice no bar. Helenice, da tez angelical, dos olhos cuidadosamente delineados, do pescoço com aroma de flores frescas do campo, dos cabelos ruivos anelados, presos no meio de sua bela cabeça. Ele a desejou na hora em que a viu. Pensou até em propor-lhe casamento, mas como de praxe, preferiu lançar-lhe o olhar. Ela percebeu e fitou-o por alguns instantes, mas virou o rosto. Ricardo ficou louco! Isso nunca havia acontecido antes, como poderia ser? Quando pensou em se aproximar, viu a moça partindo ao lado de uma mulher mais velha, provavelmente a mãe.

Continuou indo ao bar todos os dias, tentando reencontrar Helenice, que não apareceu por três semanas. Na quinta-feira, porém, avistou-a no mesmo lugar, dessa vez refrescando-se com um picolé de chocolate. O olhar dos dois se encontrou, e ao passo em que ia consumindo a sobremesa, ia retirando vagarosamente o picolé da boca envolta por batom vermelho. Olhava fixamente para Ricardo. Este se arrepiou. Isso nunca havia lhe acontecido antes. Era ele o dono do olhar penetrante, e no entanto, estava ali, despido por uma mulher que mal conhecia. Um tanto assustado, resolveu estudar o terreno.
Agrupou-se com mais alguns rapazes e ficou observando-a de longe, analizando seus passos e movimentos. Distraiu-se por um instante, e quando voltou o olhar para o lugar onde a moça se encontrava, ela não estava mais lá. A roda de amigos havia se espalhado, não havia mais ninguém ao seu lado. Olhou para trás, e seus olhos quase saltaram-lhe das órbitas: Helenice estava ao seu lado, encarando-o. Sem jeito, encarou-a, era tudo o que podia fazer naquele momento.

Ela perguntou a ele, "disseram por aí que você quer me comer, isso é verdade?" Ricardo ficou paralisado, não entendia a força que essa mulher exercia sobre ele. Helenice levou um copo americano cheio de cerveja aos lábios dele e simplesmente disse, mata". Ele obedeceu e virou o conteúdo do copo num gole só. Ela retirou-o de sua mão e lançou o objeto ao chão, que se estilhaçou. Ricardo estava mais do que impressionado. Ela aproximou seu rosto vagarosamente ao dele e enfiou sua língua na boca de Ricardo. Após o beijo, disse ao garçom, "desce mais uma", e não se lembrou de mais nada. Se esqueceu do que aconteceu até o presente momento.

E lá estava ele, sozinho, sentado na cama fumando seu cigarro de cravo. Lembra-se de Helenice se vestindo, fula da vida e pisando duro enquanto deixava o quarto. O "toc-toc" dos sapatos dela ecoavam em sua cabeça.

Lá estava ele, sozinho, despido, sentado na cama e fumando seu cigarro de cravo. Helenice se vestiu e foi embora, fula da vida porque Ricardo, dono do maior membro da região, que não conseguiu terminar o que havia começado.

Na foda mais importante de sua vida, foi a primeira vez que Ricardo broxou.

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Este texto que encerra o tema da "Primeira Vez" é da Maria Renata, veja mais informaçõe sobre ela na aba convidado e lhe faça uma visita, normalmente a seus visitantes ela serve chá com bolachas.

Márcio Brigo

domingo, 22 de junho de 2008

A primeira de muitas

Trilha:Play the Game - Queen

Lá estava eu, a caminho de mais uma iniciação. Até aquele momento, já havia passado por algumas, traumáticas ou não. O primeiro dia na escola, o primeiro beijo, entre outras. Fui pensando em como ia ser, se ia dar tudo certo, aquele nervosismo habitual a essas situações. Quanto maior era a proximidade, maior era a “suadeira”.

Embora a incerteza fosse latente, algo me dizia que tudo ficaria bem. Não era completamente leigo no assunto, já havia me informado, ouvira os mais velhos dizerem como era e até já havia acompanhado tantas vezes na televisão. Pensava que era só fazer como havia visto e se acontecesse algo de diferente, tentaria improvisar.

Pronto, era hora. No início, tremi mais do que imaginava que era o habitual, mas até ai, tudo certo. Após algum tempo, o esquema todo parecia fora de sincronia. Havia um desentrosamento fora do comum e eu ficava mais e mais nervoso com o que via. O momento esperado não chegava nem por decreto. Por um bom tempo, mantive a empolgação, mas logo o cansaço começava a virar o jogo. Eu pensava : “Será que na minha primeira vez, vou ficar no 0 a 0?”

Mas a sorte me sorriu. Naquele momento já estava perdendo as esperanças, suado, cansado. E finalmente aconteceu. O grito preso na garganta saiu com uma força descomunal, achei que ia morrer em êxtase. E por mim, naquele momento, nada mais justo. Um sentimento crescente de excitação e alegria tomara meu pensamento. Descobrira o que muitos já haviam dito, que ter aquela sensação ao vivo em nada se comparava aos momentos vistos varias vezes na TV.

E foi assim, com um gol aos 46 minutos do segundo tempo que eu debutei em jogos do meu querido tricolor.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Da chupeta ao sexo.

Para ler ouvindo: A musica do video abaixo! 

Da chupeta ao sexo.

Um menino de aproximadamente cinco anos corre para cima e para baixo como qualquer menino de sua idade, sua brincadeira preferida é o esconde-esconde. Numa destas brincadeiras ele acaba se vendo escondido com uma menina no escuro. Abraçado a ela, ele abaixa o seu “short” e mostra o seu “piu-piu”, e menina não faz por menos abaixa o seu “shortinho” e mostra o seu também...

Pêra ai! Meninas não tem “piu-piu”!!! Principalmente as de cinco anos.

Pois é, esse menino não sabia, mas logo descobriu, e não entendeu. Queria saber porque a menina não tinha “piu-piu”. Ela pegou no “piu-piu” dele e disse algo que só uma criança de mais ou menos cinco anos pode dizer:

- Acho que o meu não nasceu ainda!

Não foi neste dia que eu perdi minha inocência, foi neste dia que eu comecei a entender algumas coisas. Foi neste dia que a diferença entre homens e mulheres realmente começou a se abrir, então acho que foi a primeira vez que eu refleti sobre a real diferença entre um menino e uma menina.

Esse é o tipo de episódio que acontece com meninos que depois viram caras populares e descolados, mas não foi o que aconteceu comigo. Por ter me transformado em um NERD travadão demorou um pouco para eu sentir na pele a real diferença entre os sexos, mas isso com certeza é uma outra história.

Sempre achei que a vida tem alicerces eternos, mas quando olho para trás e vejo como eu mudei, do NERD travado a essa pessoa descolada que me considero hoje, me sinto bem em ver que consegui evoluir.

Neste episódio eu pude aprender uma das poucas verdades absloutas da vida:

A única certeza que temos na vida e que as coisas mudam!!!

 

Foto: Signiew

sábado, 31 de maio de 2008

"Agente nunca esquece"

"Agente nunca esquece"

para ler ouvindo: Yoru ha akeru - Toe
Citação de alguem ae: Por que a primeira vez agente nunca esquece! Será?




Bom, foi bom!
Num foi bom, bom como eu imaginei que seria, mas foi bom.
Mas também não foi mal.
Só não foi bom.


Sabe;
agente cria um milhão de expectativas, fica imaginando as coisas, faz alguns planos prés e pós.
Saca desenho;
sobe aquele balãozinho e as coisas vão acontecendo e tudo é sempre bom.
E ae descobre que é bom, não aquele bom, mas só bom.


O problema,
são as malfadadas histórias que o povo conta por ai.
Um vem e fala: "comigo foi assim".
Outro vem e fala: "comigo foi assado".
Uma história mais incrível que a outra
e pra todo mundo é sempre bom.
Maldita expectativa!
Se você se prepara pro bom
não fica frustado por que não é bom.


Como foi?
Ah!
Fiquei nervoso como todo mundo.
Mão suadas mas suadas mesmo.
Pernas meio moles, meio bambas, entre meio firme. Lembra quando a enfermeira fala: "não endurece a perna". Na hora da injeção e você deixa ela relaxada e de repente trava tudo.
Isso assim mesmo. Deu meio que uma tontura na hora, estomago vazio, parece que te sopram o ar pra dentro dele.
Deve ser o medo.
Ai vem o ecozinho chato.


"e se perceber? eber, eber, eber!
e se eu fizer alguma coisa errada? ERRADA, ERRADA
Será que vai comentar depois? comentar!
e se comentar mal e se eu só fizer merda e o pior se eu
nao conseguir!
Pior, ior, or, guir, ir merda, merda mal, merda ir,
pior"


Pois é;
a ansiedade vai tomando conta, vem crescente!
um formigamento que começa nos pés, sobe pelas pernas.
De repente, o corpo gela, as pernas teimam em tremer e vc briga com elas pra elas não tremerem. O gelo das mãos e evidente, você esfrega elas no corpo na esperança que aqueçam, mas elas não aquecem, então é só inventar uma desculpa esfarrapa que talvez cole.


você;
no caso eu!
Começa sem jeito.
Sem saber o que fazer, por onde começar. Fico sem saber se vou direto, se vai com calma, se apresenta o seu poderio completo, ou se espera uma resposta positiva. Depois de começado, vai tentando meio que se adaptar e curtir o momento. As vezes relaxo, por vezes continuo duro, e tenta a entrega.


Primeira tentativa é sempre de impressionar!
mostrar que é décima quarta vez!
Por mais que a inexperiência exista, ninguem vai ficar sabendo disso até que você o diga: então silêncio total, me protejo no silêncio.


E é rápido!
Fico extasiado por alguns momentos, mal acreditando no feito! a adrenalina baixa, a respiração volta a ficar calma, a arritma dá lugar pra batidas longas e pesadas, as veias voltam a bombar tranquilas sem querer explodir pela derme afora. O pensamento é sempre o mesmo: que venha a proxima.


Rola,
também;
a piada cliche:

"Agente nunca esquece"
se for BOM agente nunca esquece
se for bom agente nunca esquece
se for mal agente nunca esquece
se for MAL agente vai querer esquecer.



(Obs: não gostei, talvez retorne até sexta)