sábado, 19 de abril de 2008

O que não quero ser quando crescer

São Paulo, 15 de março de 1997.
E.E.P.S.G – Prof° Zipora Rubinstein.
Português – Prof° Lucy.
Rogério Ferreira – 8° F.

Redação - O quero ser quando crescer

Talvez soe estranho, mas eu não sei o que quero ser quando crescer na realidade eu só sei o que não quero ser.

Embora seja um rapaz que viva sonhando acordado com um pezinho na lua a única coisa que consigo querer é ter um futuro bom com uma família legal, uns 3 filhos, um emprego que tenha folga nos fins de semana, pague um salário bom e em dia, uma casinha minha (que não seja alugada) com carro na garagem e um telefone.

Até tento sonhar em ser um engenheiro, advogado, arquiteto, mas a minha realidade (que é muito melhor que a de muitos amigos de classe) me faz ter os pés no chão e sonhar com que é possível pra mim. Como cursar uma faculdade se meu pai mal consegue pagar as contas aqui de casa? Minha mãe ta se desdobrando pra ajudar, mas a transportadora mais uma vez tomou um prejuízo enorme, então pra não sofrer uma frustração nem quero pensar nisso, não quero planejar algo que talvez não consiga alcançar.

Ser tímido e por ventura um bom observador me garante algumas vantagens uma delas ter plena certeza do que não quero ser, mas também deixa a realidade muito exposta pra mim, às vezes tenho medo de não conseguir sonhar mais.

(Ontem levei o pai do I pra casa novamente, ele tava sangrando pra caramba tinha um corte enorme na testa, deu tempo de ver um moleque mijando nele que mal conseguia se levantar do chão, o fedo de pinga tava mais forte que nunca, pior que o I já desistiu do pai, tem vergonha dele, não sei como agiria se fosse em casa, ajudar o Seu M, e pedir pro I ter paciência é uma coisa).

Uma coisa que descobri foi que agente sempre tem dois (pra não dizer mais) caminhos. Alguns conhecidos meus (alguns bem próximos) já estão cometendo pequenos furtos, assaltando office-boy no centro, roubando carro pra comprar maconha, o “fulano” já assumiu uma biquerinha, vive com roupa de marca, tênis da moda, indo pra umas festas locas, chega a dar inveja, mas sei lá, não inveja do cara, por que sei que eles não tem um futuro muito longo, talvez seja inveja das facilidades, de ter algumas coisas que ainda não experimentei ou que tenho certeza que vou trabalhar a vida inteira pra conseguir (pra eles tudo parece sempre tão fácil), sei lá, mas ter um policial na família me mostra que nenhum desses dois caminhos quero seguir, viver sem liberdade, preso e sob a tutela do governo e facções que comandam o sistema prisional sem poder colocar a cabeça tranqüila no travesseiro, jurado de morte, são coisas que não conseguiria suportar. Embora pareça que não mas, mesmo estando livre tenho a impressão que o policial vive a mesma situação, ser livre dentro de uma prisão sem muros deve ser pior, sair de casa cedo sem ter certeza que vai voltar ou com a farda escondida na bolsa, onde está o orgulho de proteger cidadãos se quando você está sozinho tem que esconder isso.

Tenho orgulho da minha família e tudo que passaram até aqui pra poder dar uma condição melhor a nós (filhos e netos) do que eles tiveram, mas também não quero seguir os passos do meu avô, vendo-o levantar as 4 da matina pra enrolar maça, carregar a kombi, empurrar bujão de hélio e ir por 3, 4 horas de estrada até uma festinha em uma cidade do interior com suas maças do amor, o pior não está no trabalho duro, desgastante e sacrificado, mas no olhar das pessoas, no tom da voz quando falam com você, as vezes da impressão de estarmos lá atrás como escravos que só tem que servir, servir, servir e por mais esmero e capricho, nunca será o suficiente bom.

Já não posso ser um jogador de futebol (ou trabalho ou trabalho, adeus Rodhia e campeonato paulista), não tenho vocação para o artístico, não sei cantar, muito menos dançar, pintar ou fazer qualquer outra coisa que exija destreza manual, bom seria se pudesse só escrever, mas também não quero ser escritor que futuro isso me daria.
Pois é, não sei o que quero ser quando crescer, mas talvez tudo isso mude, não sei quando se cresce, mas enquanto isso não chega vou vivendo, não sei o que quero ser, muito menos se quero crescer, mas, sei o que quero ter (talvez a sorte, destino, trabalho duro me ajudem a conquistar).


A única certeza que tenho é que com meu primeiro salário vou comprar uma bicicleta.

Fim.
























Top 5 brincadeiras!

1 - Carrinho de rolemã! (quem nunca perdeu um teco dos dedos, entro debaixo de um carro ou usou uma pedra como martelo, não sabe oq ta perdendo)

2 - Cinta ( se correr o bicho pega, se ficar o bicho come)

3 - Mãe da mula (Um bife e uma batata, cada macaco no seu galho, corredor polonês, (e essa mulekada tudo jogando video game))

4 - Peão ( a única brincadeira que eu ganhava)

5 - Bolinha de gude (eu ruim demais nisso, mas estar com a galera sempre rendia umas boas histórias).

Sei que são 5, mas vou colocar mais um de lambuja!

6- Qualquer coisa contra a rua de cima (não tem Corinthians x Palmeiras, Rio x São Paulo, Brasil x Argentina que tenha rivalidade maior do que contra a galera da rua de cima, invasão ninja, guerra de busca-pé, futebol, peão, pipa, arreia, Rua de cima eternos PATOS!!!!)

2 comentários:

Anônimo disse...

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_Ton_ disse...

Muito bom!
As vezes seria melhor ser "menos esperto" e não perceber que o que a gente quer talvez nunca aconteça...
* Não tive esse costume de carrinho de rolemã pois cmo vc sabe cresci numa rua e em um bairro completamente plano... mas q tinha um campinho! E aqui naum tinha essa de contra a rua de cima.. o bairro aqui é muito unido, então era contra outros bairros...
Abraços