terça-feira, 1 de julho de 2008

Pornochanchada Aleatória #15

Para ler ouvindo: "Ereção" - Orquestra Imperial

Ricardo estava sentado sobre a cama, com os cotovelos apoiados na perna e a cabeça nas mãos.

Como isso poderia ter acontecido? Não sabia dizer, simplesmente não tinha a resposta. E, na verdade, pensar sobre o assunto o incomodava muito, mas não conseguia evitar.

O suor em seu corpo começava a esfriar e a gelar suas costas, o cigarro de cravo aromatizava o ambiente. Tinha a testa franzida, numa expressão mista: fracasso e decepção. Como ele poderia ter errado? Justo ele, tão cobiçado, o mais bonito, o mais bem sucedido. Se gabava por ter o maior membro das redondezas. Era bom na briga com faca e o último a sair do bar. Sua bota reluzente era do mesmo tom do seu cabelo abrilhantinado.

Podia ter a mulher que bem entendesse com um olhar mais atrevido. Elas diziam que isso as intimava e as despia, e que ficava impossível negar-lhe qualquer coisa, qualquer desejo sexual que fosse. Assim, a lista de mulheres atrás dele continha a mesma quantidade de das quais partiu o coração.
Nenhuma mulher era perfeita o bastante para acompanhá-lo, por isso ele não se incomodava em arrasar mulher atrás de mulher. E ele traçava todas: loiras, morenas, mulatas, velhas, novas... rezava a lenda que ele já havia se deitado com 357 mulheres, mas quando lhe indagavam sobre a veracidade desse fato, ele apenas sorria com o canto da boca, deixando a pergunta no ar.

E foi para sempre assim, até o dia em que ele avistou Helenice no bar. Helenice, da tez angelical, dos olhos cuidadosamente delineados, do pescoço com aroma de flores frescas do campo, dos cabelos ruivos anelados, presos no meio de sua bela cabeça. Ele a desejou na hora em que a viu. Pensou até em propor-lhe casamento, mas como de praxe, preferiu lançar-lhe o olhar. Ela percebeu e fitou-o por alguns instantes, mas virou o rosto. Ricardo ficou louco! Isso nunca havia acontecido antes, como poderia ser? Quando pensou em se aproximar, viu a moça partindo ao lado de uma mulher mais velha, provavelmente a mãe.

Continuou indo ao bar todos os dias, tentando reencontrar Helenice, que não apareceu por três semanas. Na quinta-feira, porém, avistou-a no mesmo lugar, dessa vez refrescando-se com um picolé de chocolate. O olhar dos dois se encontrou, e ao passo em que ia consumindo a sobremesa, ia retirando vagarosamente o picolé da boca envolta por batom vermelho. Olhava fixamente para Ricardo. Este se arrepiou. Isso nunca havia lhe acontecido antes. Era ele o dono do olhar penetrante, e no entanto, estava ali, despido por uma mulher que mal conhecia. Um tanto assustado, resolveu estudar o terreno.
Agrupou-se com mais alguns rapazes e ficou observando-a de longe, analizando seus passos e movimentos. Distraiu-se por um instante, e quando voltou o olhar para o lugar onde a moça se encontrava, ela não estava mais lá. A roda de amigos havia se espalhado, não havia mais ninguém ao seu lado. Olhou para trás, e seus olhos quase saltaram-lhe das órbitas: Helenice estava ao seu lado, encarando-o. Sem jeito, encarou-a, era tudo o que podia fazer naquele momento.

Ela perguntou a ele, "disseram por aí que você quer me comer, isso é verdade?" Ricardo ficou paralisado, não entendia a força que essa mulher exercia sobre ele. Helenice levou um copo americano cheio de cerveja aos lábios dele e simplesmente disse, mata". Ele obedeceu e virou o conteúdo do copo num gole só. Ela retirou-o de sua mão e lançou o objeto ao chão, que se estilhaçou. Ricardo estava mais do que impressionado. Ela aproximou seu rosto vagarosamente ao dele e enfiou sua língua na boca de Ricardo. Após o beijo, disse ao garçom, "desce mais uma", e não se lembrou de mais nada. Se esqueceu do que aconteceu até o presente momento.

E lá estava ele, sozinho, sentado na cama fumando seu cigarro de cravo. Lembra-se de Helenice se vestindo, fula da vida e pisando duro enquanto deixava o quarto. O "toc-toc" dos sapatos dela ecoavam em sua cabeça.

Lá estava ele, sozinho, despido, sentado na cama e fumando seu cigarro de cravo. Helenice se vestiu e foi embora, fula da vida porque Ricardo, dono do maior membro da região, que não conseguiu terminar o que havia começado.

Na foda mais importante de sua vida, foi a primeira vez que Ricardo broxou.

-------------

Este texto que encerra o tema da "Primeira Vez" é da Maria Renata, veja mais informaçõe sobre ela na aba convidado e lhe faça uma visita, normalmente a seus visitantes ela serve chá com bolachas.

Márcio Brigo