segunda-feira, 28 de abril de 2008

QUANDO EU CRESCER?

Engraçado, eu nunca escrevi uma redação sobre o que eu queria ser. E também nunca pensei muito nisso. Pensava no que não queria ser. Eu não queria ser nem professora, nem a minha mãe.

Toda menina tem sonhos bem parecidos. Bailarina, médica, veterinária, professora, mãe. Nenhum desses me servia. Como disse, sabia o que não queria. E sempre achei que uma profissão não definiria todo o meu ser. Logo, como saberia o que eu queria ser? Só queria ser feliz, ora!

Quando criança eu queria ser amiga de todos, e ficava realmente chateada quando alguém não queria brincar comigo. Mas com o tempo e muitas decepções aprendi que não era esse o caminho. Decidi que queria ter a minha turma. Era a adolescência.

Aí eu queria ser a diferente, e quem não quer nessa idade? Queria conquistar meu espaço, e conquistei, não posso reclamar. Mas a pergunta ainda existia. E aí, o que você vai ser?

Como diferente que eu queria ser, quando me sugeriram fazer magistério, fiz contabilidade. Quando saí do colégio me sugeriram que ficasse um ano pensando na faculdade que queria fazer, mas eu já sabia, sociologia na cabeça. E assim fui prestar o vestibular. Contabilidade? Nunca busquei nem o diploma.

Epa, mas eu não disse que não queria ser uma profissão? Pois é. A vida me levou até uma profissão que eu não queria, mas que não abandono nunca mais, sou professora. Mas a dúvida continua, o que eu quero ser? Sou professora só entre as 13h e 18h, sobra um tempão pra ser o que eu quiser!

Hoje acho que sei o que quero ser. Quero ser mulher e menina, criança e adulta, doce e azeda, alegre e mal humorada, tudo na medida do necessário. Quero não ter que servir a padrões antigos, quero ser dona de mim mesma, não da casa. Quero amar muito e sempre, até a hora que acabar, depois juntar o que sobrou e partir pra outra. Quero estudar pra sempre, tudo o que eu gosto, artes, história, cinema. Quero ouvir música, todas que me fazem bem, todas que me traduzam. Quero mudar de direção se desejar, quero ter tudo pra poder jogar pro alto se achar necessário. Não quero ser constante o tempo todo, quero sentir o vento no rosto de vez em quando.

Quero ser eu. Sem padrão, sem forma, sem roteiro.

TOP 5 Brincadeiras!
1 - Queimada na escola
2 - Stop!
3 - Volei na rua
4 - Campeonato de Atari na casa dos amigos, Enduro e River Raid!
5 - Brincadeiras de menina, onde se colocava nomes de meninos, ações, números, e depois via no que dava, com quem ia ficar. Alguém lembra dessas brincadeiras? Puxa, não lembro de nenhuma delas pra ensinar, rsrs.

Bel Gasparotto

Leia mais sobre a Bel no link convidados na perte superior do blog.

sábado, 19 de abril de 2008

O que não quero ser quando crescer

São Paulo, 15 de março de 1997.
E.E.P.S.G – Prof° Zipora Rubinstein.
Português – Prof° Lucy.
Rogério Ferreira – 8° F.

Redação - O quero ser quando crescer

Talvez soe estranho, mas eu não sei o que quero ser quando crescer na realidade eu só sei o que não quero ser.

Embora seja um rapaz que viva sonhando acordado com um pezinho na lua a única coisa que consigo querer é ter um futuro bom com uma família legal, uns 3 filhos, um emprego que tenha folga nos fins de semana, pague um salário bom e em dia, uma casinha minha (que não seja alugada) com carro na garagem e um telefone.

Até tento sonhar em ser um engenheiro, advogado, arquiteto, mas a minha realidade (que é muito melhor que a de muitos amigos de classe) me faz ter os pés no chão e sonhar com que é possível pra mim. Como cursar uma faculdade se meu pai mal consegue pagar as contas aqui de casa? Minha mãe ta se desdobrando pra ajudar, mas a transportadora mais uma vez tomou um prejuízo enorme, então pra não sofrer uma frustração nem quero pensar nisso, não quero planejar algo que talvez não consiga alcançar.

Ser tímido e por ventura um bom observador me garante algumas vantagens uma delas ter plena certeza do que não quero ser, mas também deixa a realidade muito exposta pra mim, às vezes tenho medo de não conseguir sonhar mais.

(Ontem levei o pai do I pra casa novamente, ele tava sangrando pra caramba tinha um corte enorme na testa, deu tempo de ver um moleque mijando nele que mal conseguia se levantar do chão, o fedo de pinga tava mais forte que nunca, pior que o I já desistiu do pai, tem vergonha dele, não sei como agiria se fosse em casa, ajudar o Seu M, e pedir pro I ter paciência é uma coisa).

Uma coisa que descobri foi que agente sempre tem dois (pra não dizer mais) caminhos. Alguns conhecidos meus (alguns bem próximos) já estão cometendo pequenos furtos, assaltando office-boy no centro, roubando carro pra comprar maconha, o “fulano” já assumiu uma biquerinha, vive com roupa de marca, tênis da moda, indo pra umas festas locas, chega a dar inveja, mas sei lá, não inveja do cara, por que sei que eles não tem um futuro muito longo, talvez seja inveja das facilidades, de ter algumas coisas que ainda não experimentei ou que tenho certeza que vou trabalhar a vida inteira pra conseguir (pra eles tudo parece sempre tão fácil), sei lá, mas ter um policial na família me mostra que nenhum desses dois caminhos quero seguir, viver sem liberdade, preso e sob a tutela do governo e facções que comandam o sistema prisional sem poder colocar a cabeça tranqüila no travesseiro, jurado de morte, são coisas que não conseguiria suportar. Embora pareça que não mas, mesmo estando livre tenho a impressão que o policial vive a mesma situação, ser livre dentro de uma prisão sem muros deve ser pior, sair de casa cedo sem ter certeza que vai voltar ou com a farda escondida na bolsa, onde está o orgulho de proteger cidadãos se quando você está sozinho tem que esconder isso.

Tenho orgulho da minha família e tudo que passaram até aqui pra poder dar uma condição melhor a nós (filhos e netos) do que eles tiveram, mas também não quero seguir os passos do meu avô, vendo-o levantar as 4 da matina pra enrolar maça, carregar a kombi, empurrar bujão de hélio e ir por 3, 4 horas de estrada até uma festinha em uma cidade do interior com suas maças do amor, o pior não está no trabalho duro, desgastante e sacrificado, mas no olhar das pessoas, no tom da voz quando falam com você, as vezes da impressão de estarmos lá atrás como escravos que só tem que servir, servir, servir e por mais esmero e capricho, nunca será o suficiente bom.

Já não posso ser um jogador de futebol (ou trabalho ou trabalho, adeus Rodhia e campeonato paulista), não tenho vocação para o artístico, não sei cantar, muito menos dançar, pintar ou fazer qualquer outra coisa que exija destreza manual, bom seria se pudesse só escrever, mas também não quero ser escritor que futuro isso me daria.
Pois é, não sei o que quero ser quando crescer, mas talvez tudo isso mude, não sei quando se cresce, mas enquanto isso não chega vou vivendo, não sei o que quero ser, muito menos se quero crescer, mas, sei o que quero ter (talvez a sorte, destino, trabalho duro me ajudem a conquistar).


A única certeza que tenho é que com meu primeiro salário vou comprar uma bicicleta.

Fim.
























Top 5 brincadeiras!

1 - Carrinho de rolemã! (quem nunca perdeu um teco dos dedos, entro debaixo de um carro ou usou uma pedra como martelo, não sabe oq ta perdendo)

2 - Cinta ( se correr o bicho pega, se ficar o bicho come)

3 - Mãe da mula (Um bife e uma batata, cada macaco no seu galho, corredor polonês, (e essa mulekada tudo jogando video game))

4 - Peão ( a única brincadeira que eu ganhava)

5 - Bolinha de gude (eu ruim demais nisso, mas estar com a galera sempre rendia umas boas histórias).

Sei que são 5, mas vou colocar mais um de lambuja!

6- Qualquer coisa contra a rua de cima (não tem Corinthians x Palmeiras, Rio x São Paulo, Brasil x Argentina que tenha rivalidade maior do que contra a galera da rua de cima, invasão ninja, guerra de busca-pé, futebol, peão, pipa, arreia, Rua de cima eternos PATOS!!!!)

sexta-feira, 11 de abril de 2008

No corredor do passado

Trilha: Não consegui pensar em uma especial... por isso ouçam algo que gostem.

Citação: "Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!(...)"
Casimiro de Abreu


Há alguns dias, vagando por um corredor do meu passado, entro em uma sala de 1ª série:


- Luis, o que você vai ser quando crescer?
- Piloto de Fórmula 1, professora.
- Ah, que legal! E você, Lívia?
- Eu vou ser bailarina!
- Nossa! Paulo?
- Eu quero ser jogador de futebol!
- Olha! Vamos ter um novo Romário! E você, Elton?

Nesse instante a criança olha para todos os lados, sente o sangue do corpo inteiro ir para a face.

- Éééé... Hummm... Caminhoneiro.
-

O silêncio durou uns dez segundos. Depois vieram as gargalhadas. Entre astronautas e professoras, veterinários e médicos, cantores e atrizes, o aspirante a Bino sentiu-se envergonhado, embora não entendesse o motivo para tamanha farra. Talvez ele devesse ser comediante, pensava. Durante algum tempo fico parado vendo o pequeno Elton dar explicações às hordas de crianças sorridentes que vinham para fazer pouco caso da atrapalhada escolha.

Saio da sala e vou um pouco mais adiante, paro em frente à sala do 3º Colegial. Jovens discutem o vestibular e os planos para o fim daquele ciclo escolar. É nesse ambiente que vejo o adolescente Tonton entre os amigos da escola:

- E aí Macaco, o que você vai fazer na facu?
- Engenharia, sem dúvida... E você, Cacão?
- Direito. Beloto, sabe o que vai fazer?
- Fisioterapia. E você Tonton, vai prestar pra que?

O rapaz parece hesitar em responder, mas toma coragem e dispara:

- Não sei...
-


Dessa vez durou menos. Porém, ao invés de risos eu vejo indignação.

- Como não sabe?
- Você tá louco?
- O vestibular é em 6 meses e você não decidiu?

Fosse o adolescente um avestruz, certamente sua cabeça estaria três palmos abaixo do solo. Chateado com a cena, consegui enfim achar a luz do meu quarto e voltar.

Ontem recebi a visita inesperada do pequeno Elton caminhoneiro e do jovem Tonton, possivelmente um futuro hippie. Após conversarmos algumas amenidades, me vejo engasgando com uma pergunta do inocente Elton. A mesma que há algum tempo também os incomodou.

-Bom... Quem sabe eu posso ser um produtor de TV. Posso continuar com minha empresa, ou largar o ramo de vez. Posso voltar a estudar. Ser dono de uma banca de jornais. Posso até viajar por ai pra quem sabe descobrir um destino?

O garoto e o adolescente se entreolham, como que desiludidos. Quem sabe a tal pergunta não tenha mesmo resposta... Os dois se despedem, tristes.

Hoje cedo, assistia TV, quando me vem o estalo.

- É isso!

Rapidamente Elton e Tonton saem de suas salas escuras e vem correndo para tentar entender minha animação.

- É isso o que eu quero ser! Olhem!

Os dois olham para a TV e vêem um comercial de margarina, daqueles cheio de clichês.

- Você vai ser “fazedor” de propaganda? – pergunta Elton.
- Publicitário – corrige Tonton.
- Claro que não! Vejam esse cara! – continuei – Ele está ao lado da família, todos unidos, passando margarina no pão! O mundo lá fora um caos: guerra, violência, fome, mensalão, dengue. Mas lá está ele. Apenas passando margarina no pão!

- Então você vai ser filósofo agora? – ironiza Tonton
- Vocês não percebem? A resposta pra nossa pergunta é: SER FELIZ! Só isso!

Os dois finalmente esboçam um sorriso.

- É... Pra mim ta bom! – diz Elton – E pra você?
- Sim. Chegamos lá, finalmente – concorda Tonton – Mas tenho outra pergunta agora: Como?

Nós três nos olhamos em silêncio, para depois cairmos na gargalhada. Então aconselho:

- Quem sabe aquele senhor de cabelos brancos comendo pão com margarina ali do outro lado do corredor possa nos ajudar?


Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência

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Lista Top 5 Brincadeiras de Criança
5 - Taco (quantas bolinhas perdidas)
4 - Gato-mia (divertido brincar com as amiguinhas de escola)
3 - Futebol de Botão (fui 3º colocado em dois campeonatos)
2 - Futebol (sem comentários)
1 - Salada Mista (quem nunca pediu pro amigo apertar o olho quando fosse a menina que a gente queria?)

sexta-feira, 4 de abril de 2008

O que eu queria ser quando crescesse.

Para ler ouvindo: Balão Mágico - Superafantástico.

Foto: Márcio Brigo.

Quando eu escolhi escrever neste blog, assumi alguns riscos. Esse tema é, sem dúvida, o mais difícil que (eu) já fiz, nem tanto pelo tema, mas pelo momento de vida pelo qual atravesso.

Vamos lá.

Sabe aquelas festas de criança onde uma “tiazona” (cabe aspas???) coloca todas em fila e dispara:

- Que criança adorável! O que você vai ser quando crescer?

Putz! Que pergunta! Já percebeu que essa pergunta é muito mais complexa do que parece? Não aponta para resposta rápida:

– Grande! – Dãaaaaaaaaaaa! Não, não pode ser assim a resposta dessa pergunta. Ela está ligada a um plano de vida, a um objetivo, a um sonho e, talvez, ao destino de quem responda.

Ó perguntinha difícil! O tempo vai passando e a impressão é a de que esta pergunta começa a se fechar ao seu redor como uma cena dos filmes do Indiana Jones.

Respostas: Bombeiro, Policial, Piloto de avião, Professor de educação física (pasmem), Psicólogo, Promotor Público, Administrador, Radialista, Locutor, Apresentador, Produtor, Professor etc...

E agora, José? Não sei. Era tão fácil quando eu era garoto, agora parece tão difícil. Ontem falei com uma amiga, que disse ter se arrependido amargamente por ter abandonado seu sonho de bailarina.
Isso é justo? Abandonar seu sonho.

Volto à pergunta. E agora? Dinheiro? Sonho? Lembra daquele episódio do Pica-Pau que o Leôncio ficava sonhando? Mulheres! Dinheiro! Mulheres! Iate! Mulheres! Automóvel! Mulheres! O que será que Leôncio queria ser? O que você aí que está lendo quer ser quando crescer? E não tem essa de: “Eu já cresci”. Não mesmo. Lembra da canção do Raul? “Eu devia estar contente porque tenho um emprego e ganho quatro mil cruzeiros por mês...”.

Estou vivo e tenho muito que crescer. Tanta coisa para fazer, mas a verdade é que muita coisa eu já fiz, mas tem tanta coisa ainda.

Então, já pensou na sua reposta?

Eu já pensei na minha.
Quero ser pai.

Seja feliz e cuidado com a resposta de sua pergunta, você pode conseguir.

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Top 5 Brincadeiras de infância.

1 – Esconde, esconde.
2 – Ajuda, ajuda.
3 – Pega, pega.
4 – Gangorra.
5 – Balança

Putz, maior mancada só cinco, esse TOP renderia um tema.

“Brincadeira de criança”.

Quando terminei de escrever, tinha decidido que a música deste texto seria “Ouro de Tolo” do Raul Seixas, mas como fui tão longe em minha infância mudei. Espero que você vá lá na sua infância também, ou não!

Obrigado Valéria Barbarotto pela força na revisão.

Noir

TEMA ENCERRADO, ACOMPANHE AS 4 POSTAGENS ABAIXO

Femme fatale, protagonistas moralmente ambíguos, protagonistas alienados, personagens violentos ou corruptos. Ambiente urbano é um ambiente? Locações exóticas ou remotas?? Casas noturnas, clubes de jogos. Senso de fatalismo, obsessão sexual, corrupção social ou humanitária inerente, emboscadas, Niilismo.

Noir, Noir, Noir! Cuidado com becos escuros, mulheres com batons extremamente vermelhos e textos mal intencionados.

A convidada do mês é a Suz.